quinta-feira, 26 de abril de 2012

Pilates para Corredoras Gestantes




     A prática da atividade física durante a gravidez pode trazer inúmeros benefícios para a mulher, como o controle do peso, maior energia, condicionamento físico, melhora da postura, prevenção e alívio de dores.
     Desde que autorizada e acompanhada pelo médico, a prática da corrida pode ser realizada de uma forma segura durante a gravidez, porém, é necessário tomar certas precauções e fazer modificações nos treinos para que a atividade possa ser benéfica tanto para a mãe quanto para o bebê.
     A melhora do condicionamento físico e os treinos para competições neste momento cedem lugar a uma corrida moderada, priorizando o exercício ao ar livre para liberar o stress e manter-se saudável.
    Mulheres que não praticavam corrida anteriormente devem optar pela caminhada durante o período gestacional e iniciar um programa de corrida no momento adequado, somente após o parto.
    Várias alterações fisiológicas durante a gravidez exigem adaptação ao exercício físico, especialmente à corrida. Dentre elas podemos destacar a variação da taxa de batimentos cardíacos, que aumenta mesmo sem esforço e, por isso, para não entrar em exaustão, a mulher deve ouvir seu corpo sempre tendo como referência sua própria percepção de cansaço, alterando sempre que necessário a intensidade do exercício.
    Outro cuidado a ser observado pela corredora gestante é a escolha de superfícies regulares para a prática da corrida, garantindo assim menor probabilidade de entorses e distensões nas articulações já que, na gravidez, os hormônios provocam frouxidão ligamentar.
   Mesmo com todos esses cuidados é indispensável o acompanhamento médico, pois à medida que a gravidez avança, mudanças fisiológicas e ortopédicas ocorrem no corpo e a disponibilidade para o exercício varia não só de gestante para gestante como para a mesma mulher nos diferentes trimestres de gravidez.
    Passar da corrida para a caminhada nos meses finais e acrescentar desde o início exercícios adequados para melhorar a postura, fortalecer membros superiores e inferiores e prevenir dores e sobrecargas na coluna são providencias necessárias ao longo da gestação para manter-se ativa, disposta e saudável.
    Adotar a prática de Pilates durante a gestação é um excelente recurso para quem deseja continuar se exercitando, independente da prática ou não da corrida. Nesse caso, ainda que a futura mamãe não tenha tido contato com Pilates antes da gravidez, ela pode iniciar a prática mediante liberação médica após o segundo trimestre de gestação. Ainda que o método Pilates seja um dos meios mais seguros e eficientes para se exercitar, existem contra-indicações que inviabilizam sua prática se a gestante, por exemplo, apresentar indícios de parto prematuro, risco de descolamento de placenta entre outros, por isso é indispensável a orientação, autorização e acompanhamento médico.
    Para gestantes, recomendam-se aulas individuais para que seja possível atender cada mulher em suas demandas específicas. A prática deve ser realizada sob orientação de um instrutor experiente, capaz de adaptar a técnica e utilizar os equipamentos do método no sentido de oferecerem a assistência e a resistência necessária para um prática segura e eficiente.
     O foco da prática de Pilates neste momento deixa de ser o fortalecimento da região abdominal e passa a ser a manutenção de um tônus suficiente para auxiliar no trabalho de parto e prevenir dores lombares.
     A melhora da postura é outro objetivo importante para diminuir as dores lombares oriundas do aumento de peso e consequente alteração do centro de gravidade na gestante, assim como o fortalecimento dos membros inferiores que contribuem para uma descarga de peso mais eficiente nas pernas minimizando a sobrecarga da coluna.
    Outros pontos importantes da prática de Pilates na gestação são o fortalecimento dos membros superiores, preparando a musculatura para a demanda de cuidados com o bebê após o nascimento e o acionamento eficiente do períneo, que auxilia no parto normal e evita a incontinência urinária de esforço que pode ocorrer durante a gravidez (quando espirramos ou tossimos).
     Por sua vez, o aprendizado da estabilização das articulações evita possíveis dores e lesões que podem ocorrer devido a frouxidão ligamentar provocada pela alteração hormonal característica da gravidez.
     Aliviar dores e inchaço nas pernas e melhorar a capacidade respiratória são ainda outros benefícios da prática de Pilates, aumentando a capacidade de relaxamento e bem-estar inclusive no momento do parto. Tão importante quanto a prática de Pilates durante a gestação é sua prática no pós-parto. Lembre-se de respeitar seu corpo e retomar aos poucos a atividade após o nascimento do bebê.
     Deve-se recomeçar de forma gradual, retomando as atividades físicas com o objetivo de manter-se ativa e não o de recuperar a forma física antiga a qualquer custo. Deve-se retomar tanto o Pilates quanto a corrida como se fosse iniciante, dando um tempo necessário ao corpo de se condicionar gradativamente, para manter-se longe de lesões.
     A atividade física na gestação e no pós parto deve ser o mais natural e agradável possível, no sentido de gerar bem estar e contribuir para uma adaptação gradativa e saudável do corpo às mudanças profundas que ocorrem com a mulher.
     A prática de Pilates pode ser uma opção a mais para seu equilíbrio físico e emocional. Consulte seu médico a respeito, procure um profissional de Pilates competente e experimente!
     Lembre-se de respeitar seu corpo e retomar aos poucos a atividade, pois nem seu corpo nem sua vida será a mesma após o nascimento do bebê. Isso não significa que você deva se afastar da atividade física, pelo contrário. Somente seu objetivo vai ser diferente, o foco deve ser o restabelecimento gradual do corpo, à saúde e o alívio de tensões e não um retorno imediato à antiga forma e condicionamento físico.
     Os ganhos emocionais são significativos, pois o foco da aula de Pilates para gestantes é o bem-estar da futura mãe, e não apenas do bebê. Muitas vezes observamos que a futura mãe acaba por se tornar uma mera figurante na gestação e as atenções são todas voltadas para o bebê. Na verdade, sempre é muito importante valorizar a mulher praticante de Pilates em todas as suas facetas: de mãe, de esposa, de dona-de-casa, de profissional etc.


Por Cristina Abrami, educadora física e diretora técnica do CGPA Pilates www.cgpapilates.com.br.


quinta-feira, 5 de abril de 2012

Dupla eficiência

    Correr e praticar Pilates pode ser a combinação perfeita para quem busca equilíbrio entre a parte física e mental.
     De todas as mudanças que notamos após iniciar um trabalho de treinamento físico, seja ele de qualquer modalidade, a que primeiro se destaca é o aumento da energia vital, da disposição e do entusiasmo de viver. Isso vem antes mesmo de se manifestarem visivelmente as mudanças físicas, como o fortalecimento muscular, melhora da condição cardio-respiratória etc.
   A capacidade de adaptação do corpo ao treinamento proporciona gradativamente, não só uma melhora nos níveis de desempenho nas habilidades motoras e capacidades físicas, como uma gratificação emocional, um reconhecimento da própria capacidade de superação e uma melhora considerável na autoestima.
     Muito se diz sobre a endorfina liberada durante as corridas prolongadas, responsabilizando-as pela chamada “euforia do corredor”. Em contrapartida, já se sabe também que corredores com a síndrome de overtraining (excesso de treino) têm uma redução no desempenho e apresentam níveis mais baixos de endorfina, sensação geral de letargia e até depressão.
     Os primeiros estudos sobre a influência da atividade física no bem-estar, na redução dos níveis de estresse e melhora da concentração e produtividade datam dos anos 60. Comprovou-se que as atividades aeróbias, como correr, proporcionam melhora do humor e melhoram significativamente a saúde mental.
    Hoje, tanto tempo depois, ainda pode parecer estranho que atividades físicas tenham efeitos tão poderosos na mente. É que nos esquecemos que o cérebro é parte do corpo e a mente é a maneira pela qual o cérebro se apresenta.
   Cada pensamento ou emoção é resultado de um padrão específico de atividade química e elétrica entre o cérebro e o resto do corpo.
   Enquanto corremos, o corpo libera fenilalanina, um neurotransmissor estimulante que aumenta a atividade e agilidade mental. Por isso, após a prática de exercícios físicos, geralmente somos capazes de nos concentrar mais e melhor.
   John Ratey, um dos maiores especialistas do mundo sobre os efeitos do exercício no cérebro, escreveu “[os exercícios] fazem o cérebro funcionar em seu melhor nível, e na minha visão, esse efeito das atividades físicas é muito mais importante do que os seus efeitos no corpo. Formar músculos e condicionar o coração e pulmões são essencialmente efeitos colaterais.”
O Pilates
    Muito antes de esses estudos confirmarem os benefícios da atividade física, Joseph Pilates, na década de 30, já afirmava isso por meio da “Contrologia”- nome dado por ele ao seu método, que era possível atingir a saúde perfeita, alcançando a completa coordenação do corpo, mente e espírito.
    “Por meio dela, você adquire primeiro o controle de seu próprio corpo e depois, com repetições apropriadas dos exercícios, adquire gradual e progressivamente um ritmo natural e a coordenação associada às atividades do subconsciente. Esse ritmo verdadeiro e o controle são observados tanto em animais domésticos como em animais selvagens, sem exceções conhecidas.”( Joseph H. Pilates e Willian John Miller (1945) – O retorno a vida pela contrologia).
    Seu método baseia-se nessa constatação e os seus seis princípios (respiração, acionamento do centro de força, fluidez, controle, concentração e precisão). Eles norteiam a maneira como devemos nos mover para alcançar esse objetivo. Aliar o treinamento de corrida à prática de Pilates nos traz, além dos benefícios físicos que ajudam a melhorar o desempenho da corrida, uma maneira totalmente eficiente de se movimentar de maneira consciente.
    Joseph H. Pilates dizia que “Idealmente, os músculos deveriam obedecer a nossa vontade. Racionalmente, nossa vontade não deveria ser dominada pela ação reflexa de nossos músculos. Quando as células cerebrais são desenvolvidas a mente também é. A Contrologia estimula milhares e milhares de células cerebrais inativas, ativando novas áreas e estimulando um funcionamento maior da mente.”
    Hoje a comunidade cientifica cada vez mais valida os conceitos de Joseph Pilates e, diferente do que foi na sua época, seu método se difunde em todo mundo com o reconhecido respeito, como ele desejava.
    A nós, só resta agradecer e usufruir.
    Bons treinos!

Por Suely Tambalo, professora do CGPA Pilates.